o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Eremita

1. Não há encontro com as paredes da Casa quando, em mim, às palavras não há confronto, mas fuga, palavras esguias em virtualidade de preenchido, cheio, transbordando. Quando o teto é ar, o chão é cheiro e o caminho são os pés que movem o tempo, a Casa desaparece por incerteza, eterna esperança no que é, sempre, mas em esconderijo, depois, lugar de segredo, velado, onde chega toda a vida por debaixo das pálpebras abertas. As palavras são sopros por entre extremos, na boca ela mesma, de tanto socorro que o homem, então, encontra sua qualidade de caramujo.

2. Cada vez que as mãos passeiam pelas pernas, unha por pele, a questão esvaziada nos olhos dormentes do moço correm para o buraco e escapam no além-vida, pra concha de arranhão, marca sem volta. A tempestade se aproxima a cada dia e eu guardo o mar, de mãos na garganta. O cachorro cego para ao lado, recordando-me da sede, das narinas secas, do ar distante. Esta onda que não cessa de retornar procura meu coração para anunciar novo acontecimento, a todo tempo, nunca. 

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