o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

galáxia (viragem)

é como se o que foi visto não se desvê, mesmo quando se fecha os olhos para descansar; seu corpo só dá sinal de que você existe às vezes, quando falta o ar e substâncias se contradizem num enigma esférico diante da presença de seu observador, que diz: o mundo é uma esfinge improvável diante, por sua vez, de uma ruína alojada no ser, que respira na mesma imanência de uma espera, você diluído pelos seus próprios fragmentos, suas menores partículas em movimento numa torrente fraccionada de afetos espalhados pelo ciclo da matéria, que dói por sua morte a todo instante, existir dói a todo instinto da pele, de suas camadas de sentidos, a casa da percepção maior que os castelos, o mar engole, tudo volta ao mar de ressaca triste ocupada como você, aqui nessa dimensão do real; há um roubo na linguagem desde a sua falta essencial, o seu fracasso e a comunicação irresponsiva dos mortos num buraco na terra que a tudo engole, e volta à terra a vida para o espaço numa poeira, como o passado numa distância, nostalgia da consciência da ilusão das estrelas, porque somos prisioneiros de tudo que é criado, o tempo é criado pelo ritmo e as palavras se desintegram pelos corredores invisíveis do entre, portais de ouro para o nada dependurados nas paredes do improvável que você esteja aqui numa junção de infimidades. 

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