o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

redenção

um rosto de ninguém que se transfigura com a dor de sua imagem
não porque se lembra dos lares aos quais é impossível retornar
mas porque é atravessado pela presença imperiosa de seu corpo
as extremidades pendendo para tocar o outro que, já iluminado pelo sol, vê-se do outro lado do abismo
cuja mirada de corta para buscar um horizonte fora de ti
e então os olhos ficam abandonados de reflexo
encaram o abismo e o atônito corpo quer-se deixar
ir cair pela vertigem inevitável desses desvios.

o corpo desiludido nas passagens das ruas desertas,
nenhuma voz, uma epifania que não chega,
sussurro inaudito, a mentira
no hóspede dissimulado
que quer devorar a sabedoria da esfinge,
beber do sangue real
de uma deusa viva.

é a resposta muda daquele que encontra a garrafa no mar e,
assim,
a devolve para seu desconhecimento
desmerecendo o poema, prova da morte,
do poeta que vive a sentida solidão dos dias mortos
e que fala pelas estrelas.

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