o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

segundo as mãos que medem - as mesmas que escrevem - estamos em 2016. ainda assim, sento-me diante de uma máquina de escrever para nada além de pressionar meus dedos contra teclas cujo ruído encobre tantas pausas, esse silêncio na espera duma letra que reverbera sua constante incerteza,
para arruinar uma folha de papel 80g perfeitamente rugoso, aberto... uma possibilidade sujeita a arruinar-se numa impossibilidade,
porque, afinal, estamos tornando nossas palavras em nossas ações mais inconscientes e por isso falamos sobre, sobre observar, estudar e criar,
e a verdade é tão corruptível, depende destas manchas, o peso dos meus dedos
desterritorializando uma antiga árvore esquecida.
depende do meu café diário e da música que revela o ambiente,
também das histórias contadas e do medo que o vento carrega,
depende do abrigo ou do desamparo, se seu gato também te observa de volta.
é o que dizem as entranhas cósmicas, na atemporalidade dos olhos,
o eterno corruptível no pisar a na decisão, que perpetua
estes nossos mapas equivocados, os relevos no solo.
não significa nada, mas está acontecendo.
no contínuo orbitar-se de tudo entre si, todas as coisas encontram-se relacionadas, existindo num sistema de afetação sempre plural, entre dimensões que abarcam as realidades invisíveis, minúsculas, porvir, imaginárias e impensáveis.
existe também o mundo subterrâneo, espelhando, nas miniquestões onde a diversidade é absoluta e infinita.
a abundância em corromper o papel. uma experiência lúcida
de sua completa decisão
pelo próprio esvaziamento tumultuado
numa abertura monstruosa, este texto sem propósito, a inesgotabilidade da vida.
estamos todos aqui presentes para vivenciar cada singular solidão
guardada dentro do inevitável segredo que nos encara desde o próprio espaço,
intervalo entre nós, a gravidade mesma do movimento das ondas.
somos tão antigos num outro lugar do espaço
que a distensão de
c             a             d                a
manifestação já está correta.
tudo existe.

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