o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Sororidade

parceria com Beatriz Bandeira

Deste todo início, começo e retorno, dedico penas em flama, rio subterrâneo, àquele que expande braços e esburaca, gentilmente, meus olhos. Coxas pálidas, cavernosas - escrituras milenares soterradas em cavidades corporais herméticas - o transfundir centrado no âmago do movimento não-palpável, ritualizado em brancura-ausência.


Coragem.

Coragem revertida em mergulho pelo escuro-claro de cada parte absoluta e esparsa, esparramada fora da pele, aos cabelos perdidos em ventania, firmeza de cada pisada, errante por natureza, absorvendo o pulsar desenfreado das pedras.

O escorrer-se: sacrifício etéreo; o aroma das rochas que desabrocham sob as plantas dos pés. Encarar-se requer método, prática, refúgio letárgico. O espelho inundado de aberturas, portais de abismos orbitais. Olhos arregalados engolindo instantes, liquefazendo substância íntima. Urgência de sofrer em si, resplandecendo escombros.

É necessário que se toque o interior úmido da ruína, e a estes tendões conceder voz, rugido, mordida. A dedos diversos unidos pelo movimento instinto mãe e terra, mão esquerda e mão direita, dedico em brado urgente desesperado cauteloso, tua respiração desde já em frente, no entre nós e chuva e entrega, amor faísca que queima e nutre; para que se molde, fresco, o vir-a-ser feito barro e braços e corpo de homem nu e original. Voltar à origem secreta dos pulmões cansados e dispostos, face-a-face, rosto que atravessa tronco e vísceras e morte e carinho.

O teu toque não é por acaso. E os meus membros, responsáveis imprimem sentido cervical àquilo tudo que se sustenta sobre o lúcido saber-se sendo, criação primária das vértebras temporais do silêncio, refletido na translucidez do marasmo da angústia de corpo imobilizado pela lucidez do perder-se.

Caos transbordante, eminente, emergente obriga a cavar buracos terrenos para que cintilem as respirâncias.

Eis que as irmãs exprimem luto pela configurada fotografia do perdido entregue às cartas e borras, sucumbido e restante, pelo trilhar ínfimo eterno,

ruína.

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