o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Luto

O falar, agora, para sempre, por toda a extensão de tempo devir-se porvindo, será a você. A confissão que toda palavra absoluta poderia ser, em ti, abrigo, abrigo de abandono, mudez, virá como qualquer, manifestação completa, mesmo ruído, todo grito possível, qualquer coisa. Essa palavra será para todos os lugares impossíveis de segurar, todo retorno às lembranças, às lembranças daquilo que já te disse, das palavras que já pronunciei, e hoje se esgotam num futuro de saudades, lá longe, onde o ar perde todo som. O momento presente do instante nestas palavras apagadas, este aqui e agora, onde e quando, de oceano abandonado de todas as palavras abandonadas de todas as gentes abandonadas de todos os corpos abandonados de. Não creio que a chuva venha para que eu me proteja dela, mas para me lavar, hospedando-me em frio, roupas encharcadas, em agressão verbal, hostilidade da abundância. E os membros comprimidos não podem ir, não podem ficar, alimentam-se de si, convulsionando, em respiração, a pele. Não existe isso de segundo próximo, mês que vem, existe apenas o lançamento de mim mesma num espaço comprimido de amplitude, que engole, vomita, engole, vomita......

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