o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

recolho meu corpo contra si mesmo
pra que perceba sua vulnerabilidade
os sinais de dentro, a temperatura
de um corpo outro que passa pela
correnteza, o choque dentro dos olhos,
a velocidade das partículas de vento
no ar, a distância diante da pele,
o peso dos ossos dos órgãos que cada
passo carrega e reformula, ritmo
cardíaco, os canais abertos, a onda
de um som que parece estar em
casa, a água em contato com os
poros, num caldeirão
           um útero divino
           reino da transparência
dentro do interior do universo
fonte de uma árvore avó
e o corpo, sua estranha presença real
que ele agradeça à sua morte
sempre como a uma oportunidade
porque é na total quietude
do oceano que luz e sombra
se encontram como irmãs.

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