o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Outono II

a renovação da árvore

Venho sentindo moverem-se as águas desde o virar das luas, o torpe giro do sol; estou submersa ao toque do raiar entre sóis e luas concomitantes. Ao deserdar o caminho de casa, onde se pode desaguar, o mecanismo elementar do ato em escolha por entregar-se ao caminhar, o descontrole desapropria-se, a todos os nomes se esquece e o caminho translúcido reaprende o respirar. Há que recordar-se do ato, e seguir por qual pisada? Aparecem aqui no papel delineadas as perguntas, o reencontro fracassado, a aparição do descaminho. A perspectiva lançada à necessária conclusão, o momento da chegada, extrapola o espelho. Não sei do que se tratam essas colocações frente ao exposto, à tempestade. Quando se espera pelo fim do precipitado, o infinito desague, sobem os raios, desviando a sensação de frescor. Por essa perspectiva, é preciso dizer, para além das sabedorias concebidas pelos sentidos. A possibilidade de dizer sempre outras coisas é o que opera em desanuviar o espaço e reconhecer o caminhar. A floresta é densa e o percurso se desconhece. Venho entrando em moradas, ao custo de um pé, movida pelas luas que viram o rio por baixo. 

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