o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

trajeto 1

Pelo princípio do desvelar contínuo ao território, permaneço escrevendo cartas desde o dilúvio, expandindo à continuidade a morada de nosso contato, pelos átomos que se abraçam, até o dia em que se azulear a borda do horizonte. Compadeci ao lembrar-me que, deste anterior, já contemplavam nereides da descoberta, e já revolvia a terra desde o amálgama do âmbar. Surgiram faíscas no formato do céu por entre a chuva refletida nas lagoas de cristais, no meio de uma árvore atravessada, e revelou-se a flor do apaixonado, dissolvida por tons azularroxeados em verde sagrado. O corpo resplandeceu para sua manifestação e quis colher das pedras seus fungos, um por um, enquanto eu concebia a paciência exercitada em nossas distâncias e crenças por sobre a realidade processual do movimento. Permaneço escrevendo para que permaneças espiral, e re-gire a participação nos trajetos do vento, nesses dias tomados pelo humor das folhas, por entre nós e tantas noites afirmando a vinda do sol. Na coragem do mergulho, sendo por dentro à água da porta aberta, esses raios trouxeram a graça do respirar em constante decisão ao convite de escrever-te. A travessia para o próximo momento veio com a cura do choque térmico, e registrei minha presença inteira em meio à confusão expansiva do espaço. Cantou conosco uma arara colorida de atmosfera, no topo do ar - um sonido pungente do céu à primeira comunicação para que descessem os raios do leque da mãe, iluminando o que se pode ver. Com o rugido anunciado pela torrente-que-cai, ao nosso vento liberto, corremos ao encontro de abrigo enquanto choram os que necessitam e circulam os lençóis que nos alimentam. Segui passo pelos lares que surgiram, certificando-me de cuidar da liberdade desenvolvida em nossa linguagem, que nunca soube dizer o que éramos. Quando o sol ressurgiu, segui e, agora, com esse presságio, escrevo isenta de necessidades, mas no poder de meus quereres, movendo-me demoradamente até você, só para, no meio do caminho, percorrer a todo o universo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário