o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

seca pt 1


equinócio de primavera: súplicas

[sabia que havia esperando ao longo de toda esta vida durante as delongas dos mesmos tempos infinitos que ressoaram baixo à medida que me lembrava
os espaçados sons reverberavam para todos os instantes até aqui, a oportunidade irremediável para onde desaguam todas as escolhas desde o anterior nascimento, que já então vislumbravam essas palavras, desatolando-me às tantas experiências de quando pude antever a terra já acontecida, os acidentes sempre já soando ao limite pelo movimento ininterrupto dessas mesmas palavras já antes muito muito antes para sempre reescritas e rearranjadas novas outras, por mim, frente à extensão do som
que à gaguejante potência não se faça só ode pelo pensamento da linguagem que se constrói sabedoria, mas ao descontrole pela compreensão, o traço pelo traço, os movimentos estendidos dos dedos sobre a pele os olhos frente aos quais o sentido falha em acessar este segredo de abismo, mas ao qual se percebe diante do compartilhar, já que não posso existir isenta ao grito que urra desde o primeiro alambique, pelos olhos
o furioso desaguar desimpedido horrorizado pelo instante submerso às entranhas atravessando-se para expulsar o acúmulo do aumento pela desintegração que não cabe ao que solidifica inteiro desvio de propósito à totalidade
estas palavras esvaziando-se para que nunca morram, desde o toque apaixonado pela descoberta
desde o vislumbre pela destruição da necessidade à verossimilhança enrugada, um sopro de ar ou silêncio por entre os acordes, uma direção aberta, tantas mãos, e o que se faz, pelo que se é
frente ao incomensurável desdobrar desta envergadura, no solo, nos entres, entranhas aparecidas pelo contemplativo agradecer, renascido pelos segundos triturados em distensão
desde todas as medidas desmentidas pela verdade escorrendo veredas
porque sim].

Nenhum comentário:

Postar um comentário