o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

about the exercise to find conciousness

às possibilidades (ao impossível)
fazem-se infindos movimentos
escolhidos pelo tempo
no espaço dilatante
de conjuntura singular.
neste traço,
acontecido devastador,
o segredo provém continuidade
à matéria.


As paredes erguidas afastavam o fora do dentro para que o ar instalado, desprovido de por-do-sol, sufocasse o desdito, na expressão transfigurada, ao homem que trancou as portas e proibiu que o cheiro das calçadas atrapalhasse sua transformação. Quando deixou claro que não havia portas, com os dentes arrebatados ao olhar, as pernas, decididas a respirar, percorreram todos os pedaços de chão entrecortados paredes sucumbindo ao teto esmagador. O descaminho inevitável jazia aos pés, excessivos pelos passos, e às mãos que esmurravam o concreto entre uma circunstância e outra, os cabelos desfaziam-se pelos escombros do coração, enjaulado, a cabeça de um lado ao outro, a boca mastigando o abafado, umedecido pelo suor e pelo choro. A vã manifestação do sofrimento redobrou o pisar, que ia decidido a encarar seus limites, o rosto impávido daquele homem por sobre lonas pretas, e exigir a verdade deste delírio, incumbir sua presença de poder, para fora, onde esperava antiga ferida, o buraco, ainda por cuidar, àquela mulher cujo útero era palco da vida, para que ao perdão houvesse continuidade. 
À noite, quando já doía o peito renegado, por sob soturna luz que atravessava a parede, chegou um contorno familiar de sombra palpável, bioluminescente pelo centro, de onde um círculo verde esmeraldava fios de luz permissiva. O traço moveu-se em direção aos pés então repousados, pelo machucar de suas correntes, para que o seguissem pelos corredores. Desde o silêncio instaurado, caminharam, acompanhando a matéria negra à frente, quase integrada à escuridão ruidosa do isolamento. À finura com a qual surgia a realidade, naquele ponto verdejante, deu-se a ver uma abertura para um cômodo com janelas. Lá estava um contorno maior, preenchido por carnes do vácuo, onde brotam as estrelas do passado imemorial. 
Quando saíram do labirinto, de imediato requereu-se respiração forte para suportar o que estava embaixo da janela. A inconsolável imensidão de águas próprias ao mar ou rios infinitos, revolvendo sob os pés, aos gritos daqueles dentro de casa. O redemunho convidava ao meio e ao fundo, prometendo ser morada daqueles rostos na lembrança, um sempre muito jovem, outro envelhecendo, entre as gargalhadas e as bolsas debaixo dos olhos. Sorvendo, escancaradas, as águas pertenceram-se fluindo, e assim o tempo findou para o seu reverso. 

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