o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

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O sapo pregado sobre a escrivaninha me olhava torto enquanto eu gesticulava minha jovialidade eufórica. Não seria a vida momentos? Eu ia dizendo, enquanto, deitada, oscilava entre ruídos e espasmos. Ele falava pelos olhos, mastigava com os cílios. Até que se pode dizer isso, criança, caso você soubesse pronunciar. Diga-me, o que seria, então? O giro elíptico orbital ocupante do espaço entre os tempos verbais. Momentum. Pois, para poder dizer, um dia eu o aprendi. E, aqui, dizendo, conversando com esta entidade verde, percebo, sob meus pés, o percurso de toda coisa desde já e para sempre dita. Haveria um momento sem os outros que o seguram dos lados? Seria a vida um entre? Mas, oras, o que há além do entre? As bordas que vazam, os pães que sustentam. Ludibriamento. Muita matéria, orvalho e terra. Da próxima vez que vi-los, avisa que não tem gosto de ferro e que só é forte porque não é rígido, já que consegue se mexer para permanecer existindo. Boa articulação.
Acredito que o barulho febril da rua nestes dias quentes esteja me deixando inebriada. A cabeça desmantelando o corpo em preguiça suja, cinzas pela cama, sono ao invés de livro. Os lugares cheios moviam passos a diferentes ritmos por cima dos meus olhos quando eu levantava a sobrancelha. E uma voz saía lá de dentro abaixo da garganta. Essa gosma de cores com todas as caras de deus estava me enjoando. Onde você estava? Deveria eu ir pra casa?

Onde é minha morada?

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