o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

terça-feira, 16 de abril de 2013

A quem, destino

À medida que tecem os dedos e afagam os fios transparentes, a tinta escorre sobre brancas paredes, pardas de ser, conforme dia e sombra, conforto de ritmar-se, verdade em crer. É de rebuliço esse movimento, essa voz de se estar, entremente, tanta boniteza, contaminando, o caminho. A cada pausa, um completo suspiro, como dia designado a passar, instante desmedido de perceber, cada coisa absurdando-se nessa vida, por dentro em mim, esbofeteando miudezas gentis, carinhos certeiros, enlaçando mãos sem propósito para-além. E o chorar-se, então, é para nada menos que reação, dizendo sim, seu aspecto de incrível criatura impossibilita qualquer fuga à existência dessa face desmitificada, retorcida, maravilhosa. Meus olhos são seus, feito mar encobre céu. Estou correndo para pisar todo o chão, pelo movimento estático do corpo, erguendo-se em arrepio, em incerteza encorajadora, motivo infame, de nome, chamando, em uivos, ruídos, sussurro de todas as coisas, enferrujadas e feias, sinceras em formas, cinzentas pela cor. Explosão riacho adentro, vai descendo todo o verde, a epiderme em descanso absoluto, entregando-se para a queda, porvir, engolindo, seu toque, esse sopro, irremedido, infinito. E por entrefolha o som cessa, expande-se ao silêncio, a tamanha urgência, piscadela eternando-se para sempre de nunca mais, adeus, desta vez posso te ver em inteireza singular. Que de tanta sinceridade, ao respirar, desfalece o montante terroso, por cima dos pés, escolhendo as partes, costurando, em palavra, jamais abandonar amor, este seu, acabando-se em si mesmo, posto que é buraco, preenchido, arejado. Obrigada, a ti, você sendo criatura, com cheiro e maciez, confortável porto de sonho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário