o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Morada

O momento da escritura demorada,
lenta por cada nuvem que move a terra,
é o limite do apagamento
em virar-se sonho,
decisão do olho pelo invisível
ou pela luminosidade fechada
do dia que escolhe sucumbir.

Quando em abertura,
os pássaros do infinito rebuscam
um tempo estático e rebuliço
do enroscar branquidões e limpezas
para tal azul que só é visto
no contorno daquilo que preenche,
os espaços entre folhas,
e o silêncio das vozes escondidas,
distantes.

É a teia, fumaça carregada
de tontura, sons do vento
e todas as cores do sol aparecem
nos bichos que passam o canto,
o balançar, a qualidade daquilo
que é demasiado.

Essas vozes são presenças cruas
ou enrolam-se em desmaio
adormecido dos sentidos
quando os buracos tecem
o espaço de cada ser
e o caminho entre
devir-porvir
relance daquilo que agita
em pausa e esperança?

Como pode a finura,
fragilidade desse cheiro novo,
estar concreta em traço
e silêncio -
frente a meu rosto?

Não acesso o segredo desta árvore
outra que responde
a meus olhos baixos
com promessa e acolhimento
feito casa mantida
na memória anterior
do retorno e do inabitável.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. demasiado
    um outrem
    expressas
    ali e em ti

    (tens espelho)

    a primeira
    lição será
    ser de ti
    a tua lição

    (a tua última)

    voltas para
    aquele qual
    pendia sós
    um teu olhar

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