o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Casa

I

Anterior à parte, ao silêncio
derroto a mim, de olhos fixos,
pálpebras cerradas no avesso
o peso do pé que se cumpre
quando sempre o chão é ele
em rosto distante à mão que distingue
o fundo do céu
que sufoca a boca.

Escorre.

Então, no tilintar inócuo de um,
submeto pele à espúria,
constante e eterna,
na propriedade do tocar
fazendo-se solidão
que carrega o peso da casa.

II

O espanto, momento em vazio total
quando o brando silêncio estala
desiste a um ninguém
e cada extensão cala ao papel.

Em tontura, se compadece
pelo preencher furado de motivo
motor de instante, porvir,
o dia amanhece falido.

Sombra por dedos, então,
a troca do caminho pelo desmaio
apagado, como palavra esquecida
desaparecida de toque, trovão

À espera infinda
o susto aguarda
sem resquício de voz
onde casa sem morada.

III

Decidi reconhecer o buraco
no crânio desta mesma
casa de operação infinita
para despejar, em esquecimento,
memória.

Um comentário:

  1. Que casa, as "questões recorrentes",
    que céu danoso de flamas,
    somente suave e demora
    tua chave alada - que morada?

    Por dentro as fibras vazias,
    no pensar habitas com pesar.
    O mesmo trovão traça a flor
    em seu peso-flor sem par.

    Só, na tua cama de prosas,
    enfim deleitas a língua de línguas,
    e faz nascer o oceano
    com suas costas e canais de sal:
    todo o antigo anterior exilas,
    apenas palavra te torna algo.

    - e oscilas como quem dança
    e fraquejas como quem afirma
    e sorris como quem alcança
    o horizonte em que vacilas.

    Tua casa são lembranças.

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