o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Del Rey de Pororoca

Era onde sono e natureza arranhavam pra despertar e som só vinha com miado de gatinho. Neste tempo, menino se alimentava em preguiça e todo cheiro era de folha amassada. Por lá só se chegava quando pássaro tirava furta-amor do bolso e canela com cravo sabiam esquentar. O caminho já bordava vestígios do vento em aparições do grotesco.
De passos vagarosos por amanhecidos, o longo descampado de poeira e gente desenrolava-se para a entrada. A atmosfera rangia de desconhecido, atiçava menino dormente. Por todo lado os olhos vagavam de mentira, pra inusitar quem observava, de tanto procurar em-cacho. E os sorrisos espectantes eram por surpresos da quantidade de beleza acidental.
A vida ia passando devagar, e a compreensão atingindo o nível das tripas. No cangaço de Macondo é que se achava gente chorosa, apertando o peito com fulgor, feito canção que tomava conta dos miolos. Os envelhecidos de juventude desapareciam como rei, mas os embriagados de coração é que sabiam parabenizar com verdade. Profeta de mãos pra cima predizia o caso do bonitão e a princesa, e a dona do puteiro dançava com o cafajeste afeminado por companhia da noite. Era mistura de dor com complacência, o rosto do dono das cordas. E o rebolado sincero de quem anunciava sentimento levava a multidão ao ensurdecer do grito.
Na tonteira do vai-e-vem, os oito anos do menino auto-explicaram um quarteirão pra quem não tomava banho e xingaram todas as palavras grandes capazes de seus ossinhos. Com título verídico de embriaguez, as moças tornaram o sabido da rua ex-sabichão e foi-se embora a história de Pororoca. 

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