Num tempo de ninguéns, a velha contorcida em mágoas destruía o pouco que amava e o menino grisalho dormia para sempre de tristeza consumada. As árvores por perto eram de gente e de bicho, espectavam feito olhos invisíveis. Aqui, os seres amados e o sono apenas andavam por desamor e insônia, em cabeças baixas e aflições expostas. Agora, cada motivo existia sozinho e em testa de moribundo. Os calos nos pés eram de tanto correr com as mãos e doíam feito parte do corpo. Devagar, a solidão consumia dedos e ardia retinas.
Por cima das coisas inanimadas, de respiração oca, pairava uma aura fantasmagórica própria do que não existe. Satisfeita e destruída, a criatura de palavras desditas enganava-se por dependurar-se em extremidades frágeis demais. Suas palavras não podiam mentir, mas não eram verdadeiras.
Entre tudo que existia, a proximidade era reflexo em espelho. Os habitantes da solidão mastigavam vidro de cem em cem anos.
Por cima das coisas inanimadas, de respiração oca, pairava uma aura fantasmagórica própria do que não existe. Satisfeita e destruída, a criatura de palavras desditas enganava-se por dependurar-se em extremidades frágeis demais. Suas palavras não podiam mentir, mas não eram verdadeiras.
Entre tudo que existia, a proximidade era reflexo em espelho. Os habitantes da solidão mastigavam vidro de cem em cem anos.
É quando você descreve que a realidade vira barulho de quase acordar, que na verdade é silêncio
ResponderExcluirSão as suas palavras que estão no corpo, nos cantinhos do dedo mastigados, nos olhos que escurecem e encaram os lados, no azul da pele, que vira vermelhinho em orelhas emocionadas