o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Outono I

a renovação da árvore

O ar fresco que respiro para poder contar do que é real vem do grandioso vasto espaço, lá fora, desde o vácuo expansivo. O corpo orbital reconhece o ir-se aproximando, mas tateia o aberto em cada gesto. Desde o completo esvaziar nas mãos inerte, uma suspensão luminosa do tempo - aqui, onde parecem haver pés sobre a calmaria - busco relembrar o agora. Tudo dorme e o encontro ao papel consola da imensidão, abajo el cielo azul, conjurando a deusa desde o labirinto.

Nenhuma palavra pronunciada
Alcança o fundo deste coração
Que as deforma, esticando
Os limites do vislumbre.

Assustado o tempo,
Conjuro a passagem tranquila
Para um lado com sol e luz
Dos respirares uníssonos.

Escrevo para desemaranhar
As pontas dos teus olhos
Que miram a mesma lua
Recebendo o uivo da loba velha.

Assim vem o meu silêncio
Com as dobradiças ondeadas
Pela espera e o lançamento
Ao destinatário do outro lado.

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