o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

nossa existência

[escritos destroçados com o tempo, abril de 2014]


quando a pele esfria por baixo dos caminhos ensolarados, necessita-se pausas dentre ruas, uma esquina que te encontra frente ao desespero enérgico gerado pelos sons dos raios, luzes mal acostumadas, pobres de gente, abandonadas desde a infância. os olhos semicerrados erguidos para o teto de toda fraqueza embebida, filtrando cores em branco-caído, poros desempedidos, boca sentido gosto de peças desencaixadas e a sinceridade emergindo nos rostos aos poucos avermelhando-se. o instante de carinho doado por existir este corpo de gente em traço no dia em que se escolhe o afeto, a luz transfigurada, mãos dadas com o vento.


[francis, há muito vejo o vento e é inteiro, todo entre-dedos, entre sorrisos e cada singelo ser no momento do sorrir me toca em cheio antes de dormir. e penso em ti, azul, vermelho sangue, amarelo olhar em corpo fundido invisível no querer sempre resposta e peso de dor. estou aqui. estou aqui vendo tanta lua por entre esses cabelos desalinhados, por passos desejosos de caminhos tantos e descaminhos mais que nos cruzam e não nos repartem, porque nossos fragmentos já se são. esse carinho nascido desde a vida nos constrói células braços e pernas socorrendo-se. meu coração dói e agradece.]

tanto descaminho desconstrói nosso abandono
nossa liberdade pertence a estas mãos


devo libertar esta figura de minha lembrança para permitir fluidez ao transformar ininterrupto. devo aceitar cada passagem de tempo aos longos dias fatídicos e permitir-me o esquecimento às tuas distantes palavras transparentes, felizes, silenciosas. devo dissolver o rosto nesta imagem concreta aqui há dois palmos gritando e negligenciando tua viva sensação.


e quando percebo tua iminente partida todo suspiro já é, memória; a loucura desta meia-vida sonhada, por jovem toque, fino aos dedos docemente empenhados a encontrar-te, semi-luz, horas poucas, instantes amedrontados. já passou por mim o distante rosto de voz e caminhar a passos pés livres e em verdade. deixou-me tranquilamente, confortável por esvaziar a presença, transformar escorre-tempo pela abertura deste rio que me atravessava. sentirei saudade quando lembrar-me que, ali, podia deitar a cabeça naquele peito desconhecido, para então recuperar o espírito viajante, víscera que não cessa de sufocar; ainda assim, não o fazia, tinha medo do meu corpo movendo-se para fora, receio de assustar arrepio, por afeto, querendo estar perto, mas longe ao momento da despedida, terminada nesta mesma pequena carta que você me entregava às pressas, não querendo-me olhar o rosto infeliz, tremendo de acontecimento, sem fé, para nunca mais observar carinhosamente tua consistência. assim o resto aparecia nesta parte fria, oca, mesmo quando gritava com os outros membros, e mesmo com tuas cautelosas manifestações de bem-querer. life goes on for all the daytrippers. 

then, seatted with your eyes hurting, you hear this ancient song, coming through your left ear and pulling down the feeling of walking alone and loving the lost. when a scream rises, you hear a new instrument and a familiar voice. and that keeps on coming 'till you have no choice but to fell in love with the moment and pretend you can't see the hearts of ghosts. 

espero verte pronto,




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