o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Fagulhas

Procuro nesta rua aquilo de apaixonar-se. Como uma ruína num precipício onde se sentam meninas mulatas ou qualquer coisa absurda semelhante à sabedoria centenária em seus fios de cabelo. Este instante de torpor e luz contidos em seu sumiço, em cada passo de lama para longe daquela vida, daqueles gritos e toques delicados. À medida que me distancio, mais me rendo ao traço deste teu nome e não aos olhos que dissecam detalhes da cidade, desesperados pelo encontro, sempre mais próximo e impossível. Rabisco no escuro para poupar qualquer luz à tua eventual passagem, a qualquer algo que respire como você, desse jeito forte de coisa viva, com vontade. Não posso deixar de te procurar para lembrar tua sensação. A palavra pela luz, o caminho pelo tempo, a passagem pela distância. Se não posso te tornar todas as coisas, agradeço a uma porta antiga ou árvore nua por terem atravessado, em mim, o âmago de teu cuidado. Este sopro estará comigo para que eu o encare, desde antes, a partir de sua incontrolável natureza.

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