o movimento do entre pelo tempo e pelo espaço, onde cada palavra é figura esburacada, e o rosto de ninguém expande ao infinito.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Sem chama

Viver é quando olhos pescam calor por cima do verdume largo e transparente. Todo dia parece casa descuidada e as mãos servem para pintar. O céu é por dentro das pálpebras, sem sono que desampara. A cada pescoço pertence um valor de pele, de simples amanhecer, e o rosto é fino de força, vazio por preenchido no traço da sobrancelha, como se tempo fosse invisível. É mesmo passarinho que se apronta em dançarino, sorri de esgueira, pra todo mundo ver. O peito fica em plena mão, completo, sem partes por dividir, e um som de cada vez vem pra encostar a boca, sem hesitar, e assoprar aqueles sonhos dormidos.

A urgência de irromper em palavra desmedida, afeto descabelado, desrazão umbilical, é que move o resto do corpo para ser vida. Minha sinceridade é a sua, por silêncio incapaz de conter cor em desespero. Todo toque é por sua intenção, em sonho-verdade, ver que só por ti.  Só luz porque sei de seus dedos. Só sensação porque orvalho em você. Só dia quando você caminha. E papel meu é que enxuga vontade em ternura. Cuida dos lampejos seus que ainda não rio, mas espero em ser aflito.

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