é como se o que foi visto não se
desvê, mesmo quando se fecha os olhos para descansar; seu corpo só dá sinal de que
você existe às vezes, quando falta o ar e substâncias se contradizem num enigma
esférico diante da presença de seu observador, que diz: o mundo é uma esfinge
improvável diante, por sua vez, de uma ruína alojada no ser, que respira na mesma
imanência de uma espera, você diluído pelos seus próprios fragmentos, suas
menores partículas em movimento numa torrente fraccionada de afetos espalhados
pelo ciclo da matéria, que dói por sua morte a todo instante, existir dói a todo
instinto da pele, de suas camadas de sentidos, a casa da percepção maior que os
castelos, o mar engole, tudo volta ao mar de ressaca triste ocupada como você, aqui nessa dimensão do real; há um roubo na linguagem desde a sua falta
essencial, o seu fracasso e a comunicação irresponsiva dos mortos num buraco na
terra que a tudo engole, e volta à terra a vida para o espaço numa poeira, como o
passado numa distância, nostalgia da consciência da ilusão das estrelas, porque
somos prisioneiros de tudo que é criado, o tempo é criado pelo ritmo e as
palavras se desintegram pelos corredores invisíveis do entre, portais de ouro
para o nada dependurados nas paredes do improvável que você esteja aqui numa
junção de infimidades.
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